terça-feira, 30 de setembro de 2008



(Victtoria Rossini)


Na imensidão

No caminho

No ventre

Entre muitos

Fora de tudo

Dentro do nada

Sozinha
Até sem o eco dos meus próprios passos
Que soam indo
Nem sei pra onde
E me abandonando
Que deixaram rastos
Em lugar algum
Que marcaram vida nenhuma
A ponto de me seguir

E sigo só
Até sem eu mesma
Que me perdi
Em algum ponto do caminho
Tão só
Que nem eu sei mais
Exatamente aonde estou

Olho em volta
E não vejo nada
Nem ninguém
Nem meu próprio reflexo me encara
Por não saber mais quem sou

Só sei que estou só
Cercada de gente

sábado, 27 de setembro de 2008

TE DIREI O QUE QUERO


TE DIREI O QUE QUERO
(Victtoria Rossini)

Já que me perguntou
Te direi o que quero...

O que eu quero
É que me queiras
Que me requeiras
Para o teu leito
Para o teu peito
E que me chames
Para o teu lado

Que se entregue
Que se deleite
No meu abraço

Que aspire
O ar que eu expiro
E que me retorne
Com um suspiro
Com um gemido
Com um sorriso
E durma em meu colo

Eu quero
Eu espero
Que me provoques
Que me procure
Me capture
E me encante

Mas também anseio
Que se entregue
Sem nenhum receio
Sem nenhum rodeio
E que se deixe amar

Pegue na minha mão
Abra o coração
E me deixe entrar

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

TODAS AS ESTAÇÕES


TODAS AS ESTAÇÕES
(Victtoria Rossini)

Filho meu!
Serás meu planeta...
Habitarei em ti
Zelarei por ti
E ao mesmo tempo
Das tuas idéias
Me alimentarei

Serás verão
Quando o amor explodir
Incendiando tua face
E te fazendo se abrir

Serás outono
Trocarás a roupagem
Renovando a coragem
Após cada dor que há de vir

Porque quando o inverno chegar
E o amor se retirar
Sentirás frio, isolamento e solidão
Mas não temas...
Pois é ai que me encontrarás

E quando a primavera sorrir
Todas tuas flores se abrirão
E poderás me sentir
Ao olhar cada botão
Que surgir na tua vida

E assim filho meu
Serei tu e tu serás eu
Se souberes aproveitar
O bom de cada estação

PORTA ABERTA


PORTA ABERTA
(Victtoria Rossini)

Deixarei sempre
A porta aberta
E a luz acesa
Pra que me aches
Seja em que tempo for

Se quando chegares
Estiver alguém deitado
Ocupando teu lugar
Saiba que só usa o espaço
Que você deixou

Tu entra...Ele sai
Minha casa é tua
Meu corpo tua cama
Meu coração tua morada
Por isso sempre
Deixarei a porta aberta

sábado, 20 de setembro de 2008

BELA ADORMECIDA

BELA ADORMECIDA
(Victtoria Rossini)

Silêncio!
Entre devagarzinho
Não emita muitos sons
Não se solte
Não faça nada
Não se mostre pra mim
Não faça movimentos bruscos
Você corre o risco de me acordar

Nem quero ouvir o zíper
De suas roupas se abrindo...
Deite-se assim mesmo
E fique aqui ao meu lado
Vigiando meu sono
Que durmo por querer

Quero esquecer as dores
Que os antigos amores
Deixaram dentro de mim

Não me toque!
Você é mais perigoso
Do que todos que já me feriram
E mais amante
Do que todos que já me amaram

Então entre
Deite-se aqui comigo
Mas não me desperte...
Por favor!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

OLHOS DO CORAÇÃO


OLHOS DO CORAÇÃO
(Victtoria Rossini)

Optei em acreditar em meus olhos
E descobri que eles me enganam
Mais que meu coração.
Ele lê o que as aparências escondem
E não importa onde
Meu coração tudo vê.

Ele percebe o sentimento
Tudo o que se passa por dentro
Ouve mais do que é dito no momento
E sabe aquilo que preciso saber

Então novamente
Voltei a ouvir meu coração.

CASA VAZIA



CASA VAZIA
(Victtoria Rossini)

Entro sorrateira
Na casa que foi nosso ninho
Olho tudo vazio
Sem nossos risos
Sem nosso amor
Sem nossas fotos
Sem nosso calor

E meu coração chora

Porque ainda ouço o eco da nossa voz
Ainda sinto o amor que vivia em nós
Apenas nós não estamos ali
Sei que estas do outro lado
Que como eu se mantém acordado
Para provar que sobreviveu

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

PEREGRINAÇÃO


PEREGRINAÇÃO
(Victtoria Rossini)

Sou andarilha peregrina
Seguindo as trilhas perigosas
Do teu corpo em erupção
Rolo pelas encostas
E tonta perco a visão
Uso o tato
Ando de joelhos
Suporto açoites
Perco meus medos
A te seguir na escuridão

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

ZUMBIS


ZUMBIS
(Victtoria Rossini)

Tão cansados
Nem percebem que sofrem
Perseguindo sonhos mortos.
E nem vêem que a vida escorre
Como urina pelos seus pés.
Sem que sintam ela molha o chão
Seca em si
E se torna parte deles.
Envenenando-os
Protegendo-os
E servindo de chamariz
A moscas que lhes atrapalham
E lhes toldam a visão.

Mas não...
Só olham com olhos mortos
As imagens que navegam
Dentro de suas mentes
Enevoadas por sonhos tontos
Embriagadas por projetos tolos

E ficam os zumbis trabalhadores
A construir um mundo de sombras
Num lugar que não existe
A não ser dentro de si.

ESTIVE LA



ESTIVE LA
(Victtoria Rossini)

Estive la
Compactuei com os deuses
Ouvi suas vozes
Fui tocada pela gloria
E a energia da felicidade

Mas voltei

Agora tento relembrar
Como é o outro lugar
Que ainda vive dentro de mim

Mas não é fácil chegar
Impossível retornar
Com a vontade do “eu”

Não da pra permanecer
O tempo de analisar

Porque quando “eu” la chego
Ele se vai

Quando minha mente entra
Esse se esvai

Mas me lembro...
Estive la.

CRIANÇAS VELHAS


CRIANÇAS VELHAS
(Victtoria Rossini)

_Compravam as crianças?
_ sim
E faziam contas
_ Tem que aprender
A sobreviver no mundo cão

_Estudavam as crianças?
_ Sim
Tem-se que ser o melhor
Se sobressair
Ser o primeiro

_Viviam as crianças?
_Sim
O sonho dos outros
Que fracassaram nos seus
_Mas cadê os seus?
????

_Cadê as crianças?
Estão na escola
Aprendendo a ser gente
_ Ser o que?

Crianças velhas
Correndo atrás de sonhos velhos
Que só existem em livros
Que leram na antiguidade
De castelos e de princesas
Esperando um libertador

_ E a vida?

ISSO ME PRENDE

ISSO ME PRENDE
(Victtoria Rossini)

Quando me agarras
Não são teus braços que me prendem
É o teu amor

Quando me beijas
Não é tua boca que me toca
É tua alma em esplendor

Quando me atrais
Não são seus olhos
Nem onde estás

É o que és
Como tu és
Como me olha
Como me ama
Como me chama

Isso me prende

O ESPETÁCULO

O ESPETÁCULO
(Victtoria Rossini)

Em letras vermelhas
Corre na tela
O nome dos atores

Um a um vão se apagando
Enquanto outros vão surgindo
No palco da minha vida

E representam papéis
E contracenam comigo...

Que sentada na ultima cadeira
Assisto bem quietinha

Que gritando no meio da cena
Dirijo a trama e as luzes

Que obediente la da coxia
Também cumpro todas as ordens

E represento meus papéis

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A NATUREZA DAS COISAS


A NATUREZA DAS COISAS
(Victtoria Rossini)

Todos temos a nossa natureza
Tudo tem seu fluxo
O água desce
O fogo sobe
O ar se esvai
As pessoas vão

Uns nasceram para cientificar
Uns para construir
Outros para quantificar.
Eu nasci para amar...
Meus olhos sempre a procurar e descobrir
Tudo o que merece ser apreciado
E assim vivo

Meus olhos sempre a desvendar
O bom no mundo
O belo em tudo
O melhor em todos...
Versificando contudo

Comparando aqui
Analisando ali
E me vou
Esvaziando meu tempo
Dando a mim meu sustento
Que é entender a natureza das coisas
Aceitar suas qualidades
Respeitar os limites de cada um
E saber que ninguém
Pode dar mais do que tem
Amar mais do que pode
Ou ensinar mais do sabe...
A não ser que o discípulo procure
A verdadeira natureza das coisas

E assim os amo
E assim os compreendo
E assim vivo
E vivendo sigo adiante...

sábado, 13 de setembro de 2008

ESTILHAÇOS


ESTILHAÇOS
(Victtoria Rossini)

Um espelho
Maravilhoso e enorme
Repartido em mil estilhaços
Não poderá me refletir corretamente

Ao te olhar
Me vejo disforme
Incompleta
Indefinida

Sou mulher de grandes paixões
E cacos de emoções
Dispersos pelo mundo
Jamais me satisfarão

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

EQUILIBRISTA


EQUILIBRISTA
(Victtoria Rossini)


Equilibrista a força
Fugindo da forca
Que me suga sem dó
No abismo á meus pés


Balançando na afiada lâmina da vida
Aparo minhas próprias arestas
E bebo as gotas amargas e as doces
Que escorrem pelas minhas mãos

Meu sangue que escorre nos resvalos
Meu sustos quando me desequilibro
Meu curativos nos calos
Nunca disso me livro

Continuo aqui
Equilibrista de mim
Sorrindo a cada pirueta bem dada
Como se eu tivesse escolhido assim

Mas até os passos bem dados
Os saltos bem sucedidos
São acidentes da lida
Por mais que pareçam ser planejados

E continuo treinando
Nessa arena da vida
Amarrando as sapatilhas
Até a hora da partida

É PRIMAVERA NA ALMA



É PRIMAVERA NA ALMA
(Victtoria Rossini)

È primavera
Tempo de sorrir ás flores
Florir á vida
Aspirar o perfume que exala de todos os seres

Embevecida esqueço meu sorvete
Que se derrete em meu vestido novo
E marcho sorridente com a banda
Que passa tocando na praça

O sol reluz em meus olhos
Mãos passam pela minha cabeleira
E todos me sorriem...
É tempo de se abrir

ESQUECI


ESQUECI
(Victtoria Rossini)

Liguei pra ti
Mas desisti
De dizer quem sou

Sou a voz muda
Que mudou tudo
Até pra onde vou

Parei o tempo
Suspendi o vento
Cessei o pensamento

Esqueci de mim
Para poder dizer
Que já te esqueci

AUTO RETRATO


AUTO RETRATO
(Victtoria Rossini)

Quando me desenho
Sou cena de lápis
Lágrimas de carbono
Que o destino esfrega
Arrasta
Carrega

Eu apenas sigo atrás
Me observando
Me descrevendo
Decifrando nas entrelinhas
Aquilo que eu mesma
Penso que sou

domingo, 7 de setembro de 2008

NÃO QUERO TRILHAS


NÃO QUERO TRILHAS
(Victtoria Rossini)

Se na trilha caio
No abismo me esvaio
No inferno da razão

Prefiro a loucura humana
A felicidade insana
Que me arrasta pela mão

CONSUMIÇÃO


CONSUMIÇÃO
(Victtoria Rossini)

O que me faz tremer?
O que me faz ceder?
E implorar satisfação?

A ti
A teus desejos
A tua libido?

A carne.

Ahh carne!
Que estremece
Quando escurece
O dia da razão

Que se esconde no porão
A praticar sandices
No submundo do meu corpo
A suar e agonizar
Entre mãos
Sob bocas
No vento de suspiros
Em vendavais de paixões

Pare corpo!
Repouse.
Que amanhã...
Ahhh? Amanhã?
Quem precisa de amanhã?
Quero o momento
Quero o fugaz sustento
Pra fome que me consome.

ZIPER DO TEMPO


ZIPER DO TEMPO
(victtoria Rossini)

Atravesso essa vida
Esse tempo
Fechando como um zíper
Passado < futuro.
E nesse fechamento
Só uma textura aparece
Eu hoje
Só ele me dos subsídios
E fica como marca
Como concretude dentro de mim
Uno os elos segundo a segundo
E sigo...
Fechando o ziper
Fechando os ciclos

MINHAS PALAVRAS


MINHAS PALAVRAS
(Victtoria Rossini)

O movimento e determinação da vida
Em me fazer grande me assusta
Gosto de criar no anonimato
Ser mais idéia que fato
E jogar as palavras sem medo

Porque quero elas sem travas
Sem catálogos ou tarjas
A voar como setas no ar...
Que encantem a quem encantar
Que matem o que tiver que matar

É minha língua mente
Servindo de semente
Como inço renitente
Como o sêmen do bem

_Vá!
_ Mas vá minha palavra...
Não seja escrava
Não seja censurada
Nem por mim
Nem por ninguém.

OS SONHOS MORREM PRIMEIRO


OS SONHOS MORREM PRIMEIRO
(Victtoria Rossini)

Vivo 100 anos a cada 1
E entendi que a morte
É mais presente que a vida
Que a cada sensação de vida
Se esconde por trás a de morte

Não a morte física...
Mas a exaustão do momento
O último suspiro da quimera
E extinção dos sonhos
Que a cada segundo escorre

Nos deixando órfãos
Nos deixando vazios
De nossas ilusões
De nossos anseios
Que mais falecem
Do que nos aquecem

E morrem nos deixando sós
Com a careta crua de uma realidade
Que sempre desconhecemos
Porque vivemos em função de expectativas
De realizações pra mais tarde
De perfeição amanhã

Sim.
Nos tornamos sábios

Mas também sobreviventes...
Delinqüentes...
Inconseqüentes...
Porque descobrimos
Que sempre antes de nós
Os sonhos morrem primeiro.

"Quo vadis?"



“QUO VADIS?”
Victtoria Rossini

_Aonde vais?
_ Vou pela noite...
Se eira nem beira
Sem trilha sem sorte
Riscando meu mapa
Em branco sem norte

_Que levas?
_nada.
Vou sem nome nem dono
Sem bagagem nem trono
E como o que achar

_Retornas?
_Não.
Minha estrada é infinita
Sem curvas nem trilhas
Sem marcações nem retornos

_Então porque vais?
_ Porque esse é o meu destino
Vagar sem direção
Me perder na imensidão
E mesmo assim
Apesar disso tudo
Ou por isso mesmo

Me achar

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

ENCONTRO COM A MORTE



ENCONTRO COM A MORTE
(Victtoria Rossini)

Marquei encontro com a morte
E tive que ser forte
Pra dela me desvencilhar

Veio como um lindo guerreiro
A afaguei em meu seio
E vivia só a lhe amar

Mas via “flashes” durante o sono
E notei que o rosto do abandono
Era outro a me olhar

Pedi que eu fosse protegida
Que eu fosse resguardada
E o caos aconteceu

Estrelas explodiram
Todos os mares se abriram
Então eu pude ver

A face torta da morte
Que se fingia de sorte
Apenas para ludibriar

O encontro foi desmarcado.
Para sempre adiado
Mas o limbo ainda escorre aqui

FELINOS



FELINOS
(Victtoria Rossini)

Felina macia e felpuda
Se esgueira pelo muro
Ágil e sabendo onde vai

Sabe que vive no perigo
Para...Orelhas em pé
Escuta os sons

Move uma pata
Sente o ambiente
Salta rápida...

E segue firme
Quieta
determinada

Deita
Espera
Sabe que ele vem

Súbito seus pelos se eriçam
Sente a presença
Salta com todo o corpo em alerta

Se olham
Se cheiram
Se tocam

E tudo valeu a pena

Enquanto descansam embolados
Sabem que cada minuto juntos
É paraíso

E mesmo sem combinarem
Sabem que amanhã também
Se procurarão

SALVE VIDA!!



SALVE VIDA!!
(Victtoria Rossini)

Cansei de correr atrás da vida
Agora deixo ela correr atrás de mim
Agora abro os braços voluptuosa
E espero que ela venha me beijar

Não tenho medo do amanhã
Já senti todas as dores
Já sofri por desamores
E mais nada pode me apavorar

Já experimentei todas as perdas
Agora o que vier é lucro
Sou soldado calejado
Apenas esperando o final da luta

Nunca pensei que todos os dissabores
Me ensinassem o desapego.
Não que não tenha tido alegrias
As tive... E muitas...

Mas principalmente elas
Quando me faltaram
Ou quando me enjoaram
Deixaram na boca um gosto amargo

Por isso hoje curto com energia
Cada gota desse dia
Explorando cada detalhe
E vivendo cada minuto como se fosse único

Fazendo de cada evento
Um grande baile
Onde eu sou a convidada especial.

E me arrumo com esmero
Me amo e me entrego inteira
A felicidade de estar aqui

Salve a vida
salvas a vida
Palmas para mim!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

ROTAS

ROTAS
(Victtoria Rossini)

Percorri na pressão
Pedaços de estrada
Que nunca existiram

Foram pontes criadas
A golpes de espada
Exaustivamente pisadas
Que davam dentro de mim

Esses caminhos miragens
Que vão de mim a lugar algum
São rotas fantasmas
Trilhadas pela mente ilusão

Que se apega a um corpo
E pensa que ele é tudo o que há
E segue o rabo do cão
Fica andando de lá pra cá

É dor e castigo
Pecado e absolvição
Quando não é prazer
E ficamos por querer


E rodamos em círculos
Apaziguando os sentidos
Do nascer ao morrer

Percorremos as rotas
Nos trilhos das lógicas
E chamamos isso viver

Tentando dos trilhos sair
Vivemos um porvir
E achamos que isso é transcender