domingo, 30 de novembro de 2008
CARTA DE ALFORRIA
CARTA DE ALFORRIA
(Victtoria Rossini)
Tento fingir
O que não sou.
Porque já nem lembro
Como é ser eu
Minha metade é tu
Ou sou você inteiro?
Digo pra mim mesmo
Que metade de mim é você
Pra tentar andar por ai
E ordenar as minhas pernas que andem
Ou ficarei sempre
Amarrado a teus pés
Carrego você
Tatuada a fogo em meu peito
Foram horas
De dor e desejo
Que me penetraram a carne
E fizeram de mim teu escravo
Hoje minha amada
Entrego minha carta de alforria
Abandono a ilha de pedra
Que foi pra mim teu coração
Largo contigo as algemas que me prenderam
E parto para um novo sonho...
(Da serie: Exercícios em terceira persona)
VIVER NO INFINITIVO
VIVER NO INFINITIVO
(Victtoria Rossini)
Hoje
O que eu vivo é definitivo
Seja o verbo que for.
Por isso abocanho sempre o presente
E conjugo tudo no infinitivo
Independente do tempo verbal
Cada frase do viver
É usada até parecer
Que ser ou estar
Estão sempre a se misturar.
E que ter e pertencer
A um ser ou um lugar
Não importa muita coisa
O que conta é sentir
Cada gota dessa vida
Que esta sempre a escorrer
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
COMO MORRE UM AMOR
COMO MORRE UM AMOR
(Victtoria Rossini)
Descobri
Observando os estertores
Como morre um amor
Ele não cai de morte fulminante
Não adoece e morre num instante
Nem termina por acidente
Ele morre aos poucos
Sem querer
Porque o amor
Sempre quer sobreviver
Mesmo fuzilado por dúvidas
Açoitado por desconfianças
Agredido por ciúmes
Ele se inclina pra um lado
Se joga para o outro
E levanta novamente
Ele sofre um ataque
Cai
Titubeia
Levanta
Fica forte
É esfaqueado
E ressurge
É açoitado
E mesmo assim se arrasta
É pisado
Espezinhado
Mas segue tentando tocar o coração
Aos poucos aprendemos a seguir
E deixar aquele zumbi
Lá atrás
Ali do lado
Às vezes até aqui dentro
Mas tem uma hora
Não sabemos exatamente quando
Sem nem saber como
Ele some de vista
E quando surge novamente na memória
Já está seco
Duro
Sem emoção
Só daí saberemos
Esse amor morreu...
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
A ESPERA DE ALGUÉM
DAS TREVAS PARA A LUZ
DAS TREVAS PARA A LUZ
(Victtoria Rossini)
Me inclino sobre as dobras do espaço
Abro o portal dos olhos que tudo vêem
E te observo ao longe
Muito...Muito longe de mim
Você toma suas decisões
De abandonar a antiga vida
De enxofre, sangue, seduções e guerra
Entre o crepitar das chamas
Vejo você abdicando do seu trono
Serrando seus cornos
Arrancando com as mãos
Suas asas de destruição e poder
E seu coração cheio de amor
Modificando teu rosto e tua aparência
Aqui fora
Te espero a luz do sol
Solicita com tuas novas asas na mão
Para te entregar
Tão logo você transpasse
O portal da escuridão
O amor!
O meu amor
O teu amor
Enfim te transformou...
Venha meu amado!
O tempo das trevas findou.
QUE TU RAIAS!
QUE TU RAIAS!
(Victtoria Rossini)
Eu quero que tu raias!
Que te esvaias
Na tua luz
Que me transpasse
E me absorva
E ao comungar com tua essência
Que sempre venças as aflições.
Que tire a venda que te cegou
Que se liberte
Do que nunca te prendeu
Mas você pensou
Que era cativo
Que viva altivo
Na tua gloria
De ser melhor
Do que sempre imaginou
Tudo o que te desejo
É que tu sempre raias
Como tua vida sempre brilhou
Livre!!
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
SE É PRA SEMPRE...EU NÃO SEI
SE É PRA SEMPRE...EU NÃO SEI
(Victtoria Rossini)
Eu te amo tanto...
Eu te quero tanto!!
Se é pra sempre...
Eu não sei...
Só sei que hoje
É um daqueles dias
Que eu queria
Que durasse para sempre
Se é pra sempre?
Eu não sei!
Mas cada minuto ao teu lado
Ficará pra sempre guardado
Como relíquia sagrada
Dentro do meu coração
Se é pra sempre
Eu não sei
Mas tudo o que você me diz
É tudo o que eu sempre quis
Ouvir do homem que amo
Se é pra sempre...
Eu não sei
Por isso vivo nossa historia
Como se nunca fosse ter fim.
Me entrego de corpo e alma
Aproveito tudo...
Sem perder nada.
Amo sem medidas
Fazendo de ti
Uma extensão de mim
Sentindo tuas mãos
Me tocar aqui
Se é pra sempre
Eu não sei
Mas vivendo nosso amor
Provo o gosto da eternidade
SOU MAIS QUE FÊMEA
SOU MAIS QUE FÊMEA
(Victoria Rossini)
Meu lado fera
Quando insano impera
Perco a razão...
Sei disso!
Porque minha emoção
Faz parte do meu feitiço.
É quando minha energia
De guerreira bravia
Voa pela contramão.
Daí amasso a latinha
Derrubo o circo
Agindo como um furacão.
Me arrependo depois?
As vezes sim.
Mas é assim que sou.
Sou forte
Sobrevivente
Repetente em varias lições
Mas vencedora por vocação.
Jamais sucumbirei
Haja o que houver...
Também sei disso!
Porque sou mais que fêmea
Sou mulher...
MEU ROSTO
MEU ROSTO
(Victtoria Rossini)
Meu rosto é desenho indefinido
De imagens sobrepostas
De tons e cores opostas
Que pipocam intermitentes
Formando um quebra-cabeça do que sou
Sou feita de letras soltas no espaço
Que se juntam a esmo
Num mesmo compasso
E arrastam minha carne por onde eu for
Se mudo a musica ele se rearranja
Se rio, se choro minha face acompanha
A balada interna que soa em mim
Me remodelo a cada sinfonia
E cada emoção que reinicia
Faz a camaleoa se transformar
Os dias aqui fazem historia
Deixando marcas no meu olhar
Até os risos e gargalhadas
Deixam no rosto suas estradas
Mesmo que venham
Pra não voltar
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
INSATISFAÇÃO
INSATISFAÇÃO
(Victtoria Rossini)
_ “Que tens Rosa?”
_ “Tenho um espinho
Cravado na carne
Que me feriu e vai me matar.”
_ “Quem te feriu?”
_ “Eu mesma!”
_ “Deixei o vento muito me curvar
E meus próprios espinhos me feriram.”
_ “Isso é nada!
_ Pior eu, que sou Lírio frágil
De destino incerto e flor fugaz”
_ “Mas nasces onde queres!
E não há nada a te aprisionar”.
_“Assim fosse pequena rosa...
Tu és protegida, adubada, regada,
Eu com minhas próprias forças tenho que me virar”
Rosa gemendo se debruça na grade
E inveja os Lírios livres no quintal.
(Da série Exercícios em terceira persona)
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
ME CONDUZA
terça-feira, 18 de novembro de 2008
A VIZINHA DA ESQUINA
A VIZINHA DA ESQUINA
(Victtoria Rossini)
Ela dança o dia inteiro
Até canta no chuveiro
Ela é feliiiizzz....
Vive sorrindo pra mim
Diz que sou o que sempre quis
Ela é assim
A menina da esquina
Me atrai e me fascina
Ela vive só pra mim
Ah garota te espero
E de jeito ainda te pego
Te agarro e te esfrego
No murinho do jardim
Ela dança o dia inteiro
Até canta no chuveiro
E quando passa na calçada
Corpinho fazendo graça
Só de olhar me faz feliz
( Da série exercícios em terceira persona)
FLOR DE AÇO
FLOR DE AÇO
(Victtoria Rossini)
Sou flor espinhada
Com pétalas dentadas
Em aço forjada
Meu centro protegido
É refugio ungido
Resguardado da dor.
Em meu útero abrigo
Todos sob minha guarda
Num ninho de amor
Mas quando explodo
E vou para o outro lado
Do centro da roda
Me dispo de medos
Já não tenho segredos
Nem tem resposta certa
Sou guerreira armada
Em estado alerta
Quando estou na minha razão
mesmo perdendo a noção
faço o que me convém
Sou flor de aço...
Meu caminho EU traço
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
DE CÃO A AÇÃO
DE CÃO A AÇÃO
(Victttoria Rossini)
Quem não levanta pra lutar
Já foi derrotado
Sucumbiu aos pecados
Dos tempos passados
E agoniza no chão
Lambendo as feridas
Amaldiçoando a vida
Vivendo vida de cão
Apenas uivando
E urinando de dor
Ta com a cabeça entre os braços
Esperando a morte?
Apenas ta colhendo
O que você mesmo plantou.
A semente da inatividade
Também brota a vontade.
Se sente um mendigo
Esperando a absolvição?
Foi você quem se julgou
Você que se condenou
E se prendeu a roda do carma
Mas ainda ta em tempo de mudar
Arregace as mangas
Mude a energia
Transforme o destino
Salte para o outro lado.
SEMPRE tem como mudar
TUDO pode ser mudado
HOJE é o dia de levantar
EM PÉ!!
Seque o rosto
E vamos começar
domingo, 16 de novembro de 2008
NOSSO AMOR
NOSSO AMOR
(Victtoria Rossini)
Acordei com o corpo em festa!
Cada célula do meu corpo
Ainda dança com você
Minha retina repassa nossas imagens
Minha mente ainda te vê
Sinto teu amor me envolver
O eco da tua voz
Que mesmo silenciosa
Diz tudo que preciso saber
Nosso tempo
Nossa noite
Estranhos seres...
Mas assim somos nós
Mais parecidos do que pensamos
Mais amantes do que esperávamos
Mais fiéis do que desejávamos
Vivendo
Do nosso jeito
Nosso amor
domingo, 9 de novembro de 2008
MAIS UMA VEZ
MAIS UMA VEZ
(Victtoria Rossini)
Cometi sim...
Os mesmos erros.
Repito os atropelos
Mesmo sabendo que o são
Ando na velha trilha
Mesmo sabendo que a vida
Espera renovação
Mas meus sentimentos presos
Minha bolsa cheia de medos
Sempre me prendem ao chão
E refaço a órbita sombria
Morrendo na mesma via
Onde já tombou meu coração
Me posto outra vez em frente
A ti que me fez demente
E me deixa sem ação
Mais um vez...
Atada a você
Espero o toque da tua mão
OLHARES
OLHARES
(Victtoria Rossini)
Cada um
Olha a vida
Com os olhos que tem
Tenho olhos de mar
Gosto de brincar
Com as ondas que vem
Uns tem olhos de chama
No corpo que clama
Pelo toque de alguém
Se tens olhos de céu
Que vivem ao léu
Continue a sonhar
Se teu olho emperra
Nas engrenagens da terra...
Alguém tem que cuidar também!
Mas mantenhas voltado
Teu olho sagrado
Para o lado do bem
LUX
MINHA IDADE
MINHA IDADE
Victtoria Rossini)
Tenho uma idade indefinida
Entre o nascer e o morrer...
Um infinitivo variável
Que esta sempre a fenecer
As vezes acordo criança
Carente
Indefesa
Nua
Pura
Tem momentos
Que me pego adolescente
Teimosa
Manhosa
Ousada
Destemida
Exigindo tudo da vida
E quase sempre
Durmo velha
Cansada
Descrente
Como se tivesse sido eu
A desenhar as estradas do mundo
Conhecendo os seres
Os atalhos
E seguindo com olhos anciões
As loucas voltas da Roda da vida
Minha idade
Tem a duração das horas
A experiência das eras
O tempo das borboletas
A rapidez do piscar
O ritmo da eternidade
A definição numérica
Não obedece ao tempo da terra
Pois lembro de quase tudo que já vivi
Ela ultrapassa os milhares
Mesmo que pareça
Que a pouco aqui acordei
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
VOAR...VOAR
VOAR...VOAR
(Victtoria Rossini)
Quanto maior o sonho
Maior o tombo?
Tudo bem!
Não tenho medo de cair
Tenho medo de não voar!
De não viver
De não tentar
De não ousar
E morrer no chão
Soterrada pelos meu próprios medos
Por isso
Toda vez que caio
A primeira coisa que faço é levantar
Depois....
Analiso
Soluciono
E traço novas estratégias
Porque não existem fracassos
Existem lições do como e do quê
Não fazer...
OSMOSE
OSMOSE
(Victtoria Rossini)
Uma vez na vida
Um dia
Num campo
Dois desconhecidos se encaram
Mostram as armas
E se atacam
Os olhares
A respiração
A técnica
O medo
A ousadia
As emoções
Os ataques
As defesas
O suor
O sangue
A morte
Um tomba...
O outro tomba...
Nenhuma palavra foi dita
Mas nenhum saiu dali igual
Mesmo inconscientemente
As lições foram trocadas
Um mudou o outro
terça-feira, 4 de novembro de 2008
A SOMBRA
A SOMBRA
(Victtoria Rossini)
Uma sombra me ronda
Por trás das vidraças
A vejo a meus pés
Quando toco as calçadas
Se paro ela para
Se sigo ela segue
Quando acordo ela acorda
E vai aonde vou
A expulso aos gritos
A aceito as vezes
A nego se vejo...
Mas está sempre aqui
Entalada em mim
Gravada enfim
Com imagens e som
Sentimentos e tom
E tem até nome
Ah sombra amada
Porque não se vai?
Não some na névoa
Desaparece no nada
Que sei que tu és?
Porque te desejo
Porque te protejo
Se bem não me faz?
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