quarta-feira, 9 de julho de 2008

GESTAÇÃO

GESTAÇÃO
(Victtoria Rossini)

Por nove meses
Gestei em meu ventre
Um amor ardente
Que me queimou as entranhas
Me levou a delírios
Me manteve nas alturas
E me deixou na face
As marcas da felicidade


Hoje o parto!
Parto a ferro
Parto com dores...

Deixando aqui no chão
Uma criatura diferente.
Nem minha cara
Nem a cara de seu pai.
Uma coisa estranha
Que quer me seguir
Quero levar,
Mas tenho que abandonar
Pois não me pertence.
Pertence a si mesma!

Por ela não sinto nem amor
Nem ódio
Nem indiferença...

Apenas estranheza.
Porque não era esse o rosto que via
Quando acariciava meu ventre
Inchado de amor profundo.

Agora parto
E não sei se levo ou deixo
A criação disforme que me olha do chão...

Nenhum comentário: