GESTAÇÃO
(Victtoria Rossini)
Por nove meses
Gestei em meu ventre
Um amor ardente
Que me queimou as entranhas
Me levou a delírios
Me manteve nas alturas
E me deixou na face
As marcas da felicidade
Hoje o parto!
Parto a ferro
Parto com dores...
Deixando aqui no chão
Uma criatura diferente.
Nem minha cara
Nem a cara de seu pai.
Uma coisa estranha
Que quer me seguir
Quero levar,
Mas tenho que abandonar
Pois não me pertence.
Pertence a si mesma!
Por ela não sinto nem amor
Nem ódio
Nem indiferença...
Apenas estranheza.
Porque não era esse o rosto que via
Quando acariciava meu ventre
Inchado de amor profundo.
Agora parto
E não sei se levo ou deixo
A criação disforme que me olha do chão...
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