domingo, 20 de janeiro de 2008

RETORNO

RETORNO
(Victtoria Rossini)

Nessa madrugada
Te entrego tudo
Meu senhor

Se é que posso te chamar assim...
Nunca tive nada mesmo
Nem um nome para me dizer:
“Este Sempre foi meu nome”
Pois nunca houve nada que me pertencesse para sempre
Acostumei-me a isso.

Nunca tive nem um nome para lhe dar
Nem uma face para te olhar
Por mais que sempre tenha te visto em tudo


Nunca me senti serva
Nem tive alguém que considerasse “Meu amo”
Pois sempre soube que a ninguém pertencia

Sempre te senti vago
Sempre te vi largo
Sempre te percebi vazio

De nomes
De egos
De objetivos
De artifícios
De passado
E de futuro
E me perdi na tua imensidão

Então jamais poderei te achar ponto
Nunca te verei extático
A ponto de te vislumbrar

Agora eu
Caindo no vácuo da minha vida
Sem uma corda sequer a me segurar
Mergulhando... Mergulhando

De olhos vendados

Sem palavras
Vazia
Oca

Sem desejos
Sem mestres
Sem armas
Sem curvas
Sem pontes
Sem nada

Apenas me solto
Num vôo insólito
E me deixo retornar

Não sei pra onde
Não sei como
Não sei para que
Nem sei por quê

Só sei
Que hoje
Aqui
È lugar nenhum
E sigo

Para lugar algum
Sem desejo algum
Sem mestre nenhum

Sem companhia alguma
Sendo apenas ninguém

Retorno

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