RETORNO
(Victtoria Rossini)
Nessa madrugada
Te entrego tudo
Meu senhor
Se é que posso te chamar assim...
Nunca tive nada mesmo
Nem um nome para me dizer:
“Este Sempre foi meu nome”
Pois nunca houve nada que me pertencesse para sempre
Acostumei-me a isso.
Nunca tive nem um nome para lhe dar
Nem uma face para te olhar
Por mais que sempre tenha te visto em tudo
Nunca me senti serva
Nem tive alguém que considerasse “Meu amo”
Pois sempre soube que a ninguém pertencia
Sempre te senti vago
Sempre te vi largo
Sempre te percebi vazio
De nomes
De egos
De objetivos
De artifícios
De passado
E de futuro
E me perdi na tua imensidão
Então jamais poderei te achar ponto
Nunca te verei extático
A ponto de te vislumbrar
Agora eu
Caindo no vácuo da minha vida
Sem uma corda sequer a me segurar
Mergulhando... Mergulhando
De olhos vendados
Só
Sem palavras
Vazia
Oca
Sem desejos
Sem mestres
Sem armas
Sem curvas
Sem pontes
Sem nada
Apenas me solto
Num vôo insólito
E me deixo retornar
Não sei pra onde
Não sei como
Não sei para que
Nem sei por quê
Só sei
Que hoje
Aqui
È lugar nenhum
E sigo
Para lugar algum
Sem desejo algum
Sem mestre nenhum
Sem companhia alguma
Sendo apenas ninguém
Retorno
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