PAI E FILHO
(Victtoria Rossini)
Espiando por entre as frestas do casebre
Os raios da lua cheia
Vêem duas velas tremeluzindo
Sobre a mesa rústica e estreita
Dois olhos fixos e tensos
Quatro mãos a se conter
Pai e filho se encaram
A ancestral luta de poder
Que se trava
Quando a cria já ganhou asas
E audaciosa quer sair do ninho
O amor
A dor
A saudade antecipada
O desejo de pegar a estrada
A eterna necessidade de proteger
Se digladiam como espadas invisíveis
Sobre as cabeças que se desafiam
Apenas com um jogo de olhares
Toda luta é compartilhada
Pelos dois oponentes
Sem nenhum esmorecer
_ “Quero ir!”
_ “Quero que vá!”
_ “ Quero ficar!”
_ “Quero que fique!”
_ “ Eu vou vencer!”
_ “ Sei que vai!...Mas queria estar contigo na jornada..”
_ “ Não pode! Está é a minha luta!...”
E a luta que parecia a dois
Já é apenas dentro de cada um...
Libertar o que se viveu para cativar
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário